Mapa da Mina

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Mulheres guerreiras


Elas nasceram ou foram criadas em Serra Pelada. E se orgulham disso!


integrantes da AMASP na sede em Serra Pelada

Mais vaidosas, arrumadas, elegantes e com mais garra para o trabalho. Assim, estão hoje as mulheres da vila de Serra Pelada, no município de Curionópolis (PA), onde na década de 1980 conviveram cerca de 100 mil garimpeiros em busca do tão sonhado ouro. Essa mudança ocorreu graças ao Projeto da Nova Mina de Serra Pelada, uma parceria entre a Coomigasp e a Colossus. Elas são viúvas, ex-mulheres ou filhas de garimpeiros que desistiram de ir embora do local, mesmo com fim do ciclo do ouro há 22 anos.

Em junho de 2007 um grupo de mulheres foi para Brasília lutar pelos seus direitos juntamente com centenas de garimpeiros e daí surgiu a ideia da criação da entidade e a maranhense de Barra Corda, Rosilene Freitas Viana, a Rosa, hoje com 44 anos, viúva, mais de quatro filhos, assumiu a presidência da Associação das Mulheres de Serra Pelada (Amasp). No final deste mês, ela disputará mais um mandato e deve ser reeleita para mais quatro anos. Por enquanto, só existe uma chapa.

O pai de Rosa, José Alves Freitas, era garimpeiro e lutou na antiga e perigosa cava de Serra Pelada. Ele morreu e Rosa e a mãe dela, Raimunda Silva, que moravam em Açailândia (MA), foram morar na Serra. Isso já faz 24 anos. Sem marido, Rosa cria os filhos com muita luta, mas isso não impede de ajudar outras mulheres que enfrentam enormes dificuldades no antigo garimpo. As outras são filhas ou netas de garimpeiros ou ex-mulheres de garimpeiros. As idades das sócias variam de 18 a 68 anos.

Empregos 

A Amasp não tem uma sede confortável. A casa é simples, feita de madeira, mas é lá que quase 500 associadas, que pagam uma mensalidade de R$ 3,00 por mês, aprendem a fazer tapetes, centro de mesa e outros bordados, bonecas, e até cozinhar. Aliás, 48 delas hoje trabalham na mega cozinha da empresa Colossus e ganham entre R$ 545,00 e R$ 1.000,00. Isto, fora alguns benefícios, como, por exemplo, atendimento à saúde. Em breve, com o apoio da parceria Coomigasp-Colossus e da prefeitura de Curionópolis, será montado um ateliê em Serra Pelada e as mulheres vão fazer calcinhas, sutiãs e uniformes para vender na região. “A ideia é procurar colégios e entidades e vender os produtos”, disse Rosa, uma espécie de “maizona” das mulheres da Serra.

Rosa Presidente da AMASP
A exemplo de Rosa, antes da criação da associação, as mulheres não se cuidavam e só ficam em casa, às vezes até mesmo apanhando dos maridos. Havia até prostituição. Hoje a situação é outra. Elas se preocupam com a aparência, com o batom, com o penteado, com as unhas e com a vaidade normal de uma mulher. Hoje, marido não bate mais em mulher na Serra. Se bater, vai preso. Elas já sabem que existe a Lei Maria da Penha, que protege as mulheres; e previnem contra AIDS e doenças sexualmente transmissíveis, fazem cursos lá ou em Parauapebas, estudam e sonham com a chegada do ouro - mais elegantes e saudáveis. 

Melhorias
Para Rosa, a Amaps trouxe bastante melhorias para as mulheres de Serra Pelada. Quando são realizadas as assembléias de garimpeiros, são cerca de 200 mulheres da Amasp que preparam as marmitas, com uma saborosa comida caseira, para 15 ou 20 mil pessoas.

Mas as mulheres de Serra Pelada querem mais. Elas vão atrás de novos convênios para a melhoria de todas elas. 

Nati

Francisca Ana Miraser Barros, 54 anos, natural de Teresina (PI) está envolvida com o garimpo há mais de 30 anos. “A implantação do Projeto da Nova Mina mudou para melhor a vida das mulheres de Serra Pelada, especialmente com a criação da Amasp e melhorou também a vida de muitos homens e jovens”, destacou.

Rita

A maranhense de Barra do Corda, Antônia Rita, 33 anos, casada, mãe de dois filhos, está há 22 anos em Serra Pelada e é diretora de eventos da Amasp. “Com a chegada do projeto da Nova Mina e com a criação da Amasp, as mulheres passaram a ter mais ocupação e aprenderam muito coisa. As mulheres estão sendo mais valorizadas, mas precisamos correr atrás de mais cursos do Senai para beneficiar mais mulheres”, disse Rita, que já começa a preparar os próximos eventos, que serão realizados em agosto numa data a ser definida: comemoração do Dia dos Pais e o Desfile da Garota Amasp, a bonita Daniele.

Teresa

A aposentada Teresa Viana de Melo, de 72 anos, mora em Serra Pelada há 22 anos, é esposa do garimpeiro Lourival de Sousa, de 74 anos e também entende que a criação da Amasp melhorou muito a vida das mulheres de Serra Pelada. “A associação orienta as mulheres e ajuda muito”, disse ela.

Nathalia

A mais jovem integrante do quadro social da Amasp é Nathalia Pereira do Santos, de 19 anos, natural de Imperatriz (MA, e segunda secretária da associação. O pai dela, Airton Francisco dos Santos, foi para o garimpo ainda jovem. Depois, casou-se no Maranhão e levou a família para Serra Pelada. Com o ensino médio concluído, Nathalia sonha em se formar em Medicina e voltar à Serra Pelada para ajudar o povo de sua região. “A Amasp mudou a vida das mulheres. Agora, a maioria delas tem o que fazer; a gente luta contra as injustiças contra as mulheres e por coisas melhores para todas”, argumentou a bonita Nathalia.

Juliana

Juliana Andrade Viana, nasceu em Brasília, morou em vários lugares até chegar a Serra Pelada, onde visitou pela primeira vez em 1998. Para ela, a chegada do projeto da Nova Mina e a criação da Amasp melhoraram a vida de muitas mulheres e contribuíram para o aumento do poder aquisitivo de muita gente. “Algumas mulheres chegaram aqui sem saber até mesmo pegar numa agulha e hoje fazem tapetes e roupas e vendem na região”, destacou.


ASCOM/Coomigasp

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